sábado, 28 de julho de 2007

Pan e IDH

Lembro que último final de semana dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, perguntei despretensiosamente ao meu irmão se iríamos passar o Canadá. A Carol interveio e fulminou: "Passar o Canadá ? Eu queria era o IDH do Canadá". Lição aprendida.
Nesse Pan, apesar de termos de fato passado o Canadá, não preciso ficar ansioso para saber se vamos passar Cuba. É irrelevante. Irrelevante, porque estamos disputando com uma ilha que é menor que o Amapá e que tem uma população próxima da do Rio Grande do Sul. Ilha que é governada por um ditador, que enfrenta embargos comerciais há décadas, que é sempre lembrada pela nossa mídia quando seus nativos tentam fugir em busca de liberdade e que ainda assim, tem um IDH bem melhor que o nosso. Fatos que mostram claramente como o Brasil andou dirigindo na contramão durante anos, décadas, ou até séculos.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Dicas para quem vai à passeata


Recebi hoje, por e-mail, a notícia que teremos uma passeata aqui em São Paulo (onde mais?) para gritar "Fora Lula". Resolvi contribuir e deixar algumas dicas para os que pretendem participar.

Trajeto
Saindo da Paulista, pegar a Alameda Santos e seguir até a Augusta. Descer a Augusta até a Oscar Freire. Paradas rápidas para compras serão permitidas. Descer a Oscar Freire até a Alameda Casa Branca. Seguir pela Alameda Casa Branca e Rua Canadá até a Av. Brasil. Na Av. Brasil fazer um pausa para decidir o melhor caminho para a Faria Lima. Pode ser a 9 de julho, a Av. Europa ou a Gabriel Monteiro da Silva. Chegando na Faria Lima, ir direto para o Iguatemi, onde você pode fazer mais umas compras e depois participar do encerramento, que será em frente ao shopping.

O que vestir
O ideal é usar as cores do evento. Pode ser o preto (luto), o branco (paz) ou o verde e amarelo (pelo Brasil). Homens: calça social, blazer e camisa sem gravata. Mulheres: tailleur de calça ou saia com blazer, ou vestido de algodão ou outro tecido sem brilho e um saltinho. Lembre-se: você vai aparecer na televisão e não vai querer ser visto(a) com a roupa com que saiu da academia.

O que levar
Todo tipo de faixas e cartazes com frases de indignação são bem-vindos. Se você ainda tiver, leve também cartazes do Alckmin. Mostre que o seu protesto também apresenta soluções.

Segurança e trânsito
Não precisa se preocupar, pois a polícia e a CET darão todo o apoio. Não há o que temer. O governador e o prefeito estão do seu lado.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

A lógica na política


Lógica e política dificilmente se misturam, mas vez por outra, quando elas se encontram, somos brindados com declarações admiráveis. A Agência Estado prestou excelente serviço hoje ao entrevistar várias figuras sobre a morte de ACM. Listo algumas:

ACM era Maquiavel brasileiro, diz Virgílio
Presença de ACM era ponto de equilíbrio na política, diz Tuma
ACM deu dignidade ao Congresso Nacional, diz Cesar Maia
ACM dedicou sua vida a servir o Brasil, diz deputado do PSDB
País perde um de seus maiores políticos, diz governador do DF
Lula não deve comparecer ao velório de ACM
Heloisa Helena recusa-se a comentar morte de ACM
Brasil perde um líder com a morte de ACM, diz Kassab
'A Bahia deve muito a ACM, mesmo os adversários dele', diz FHC
Inimigo político, Waldir Pires deseja paz a ACM
Brasil perdeu um grande brasileiro, diz Alckmin
País sofre grande perda com morte de ACM, diz líder do PSDB
ACM era importante referência política no Brasil, diz Abert

De minha parte, não me alegro, nem me entristeço. Aprendi que assim como a morte dos pobres não é solução para a pobreza, a morte dos malvados não acaba com a malvadeza. Não sinto nada, exceto, talvez, um pouco de pena do capeta.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Cobertura anunciada

O proselitismo político é a marca da cobertura da tragédia porque como se sabe o uso do cachimbo faz a boca torta. Por exemplo, Dora Kramer escreveu no Estado hoje (grifo meu):
Culpar pura e simplesmente o governo federal pelo acidente com o Airbus da TAM e atribuir responsabilidade pelas duas centenas de mortes à vexaminosa atuação do poder público nestes dez meses de crise aérea não deixa de traduzir as evidências de uma história anunciada.
Até alivia a raiva de quem assistiu à serie de infindáveis manifestações de menosprezo e produção de bravatas vãs, mas não devolve vidas nem esclarece se o sinistro foi coincidência ou conseqüência do descontrole dos sistemas aeroportuário e aeroviário do Brasil.
Culpar o governo para aliviar a raiva é o que Dora Kramer vem fazendo nos últimos anos. Mas que isso não devolve vidas ou ajuda a esclarecer o acidente deve consistir uma novidade tão grande para ela que precisou concretizar essa estupidez.
Outra contribuição inestimável partiu de Cesar Giobbi, colunista social do Estado (grifos meus):
Socorro, Serra
Se alguém ainda tinha dúvidas se a vaia ao presidente Lula, no Maracanã, foi justa, agora não tem mais. Porque o governo federal tem sim sua grande parcela de culpa na tragédia de terça-feira em Congonhas. Os aeroportos são de competência federal. A Infraero é uma empresa federal. A crise aérea é um problema federal. Os paulistas e paulistanos entregam agora sua desesperança nas mãos do governador José Serra para que, com a força de todos os seus votos, e credenciado pela sua comprovada competência política, arranque de Brasília uma solução para os aeroportos de São Paulo. Uma solução que não pode mais esperar. Infelizmente, de Brasília, ultimamente, a única solução sugerida foi o conselho da ministra Marta Suplicy à população. É acintoso. O dinheiro de impostos federais pagos pelos paulistas sustentam o desperdício nacional, são mau usados em todo o País, escoam por ralos, vão parar em mãos erradas. Se ficassem por aqui, não teríamos de contar esses mortos nem conviver com estas tragédias.
Juro que quando li o título imaginei que se tratasse da temporada de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira. A relação entre as vaias ao Lula e o acidente com o AirBus pecam pelo anacronismo, mas a última coisa que colunista social faz no Brasil é sentido.
E por falar nas vaias ao Lula, eis o Verissimo brilhante como sempre:
No Brasil do Lula é grande a tentação de entrar no coro que vaia o presidente. Ao seu lado no coro poderá estar alguém que pensa como você, que também acha que Lula ainda não fez o que precisa fazer e que há muita mutreta a ser explicada e muita coisa a ser vaiada. Mas olhe os outros. Veja onde você está metido, com quem está fazendo coro, de quem está sendo cúmplice. A companhia do que há de mais preconceituoso e reacionário no País inibe qualquer crítica ao Lula, mesmo as que ele merece.
Enfim: antes de entrar num coro, olhe em volta.

Enfim, o vídeo


Sem conseguir dormir, fui procurar o vídeo da aterrissagem na internet. Na falta de um melhor, achei esse: http://www.youtube.com/watch?v=JGmMSdUSijA. Reparem especialmente no brilho na parte da frente do avião às 18:51:33:250 e novamente às 18:51:38:453. Continuo mantendo meu post anterior.
Atualizado em 21/jul.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Silêncio, por favor


A tristeza que estou sentindo hoje é diferente. Só lembro de ter sentido algo assim parecido naquele 11 de setembro. É uma vontade de chorar que não se realiza, não se transforma em lágrimas. É um anestésico que invade o sangue e faz com que todos os problemas do cotidiano, que às vezes pensamos que são os maiores do mundo, tornem-se insignificantes.
Ontem fiquei vendo as imagens de Congonhas em canais abertos e fechados. Hoje ouvi o rádio, vi a capa dos jornais, algumas notícias na internet e na televisão novamente. Como todo mundo, eu não sei o que causou o acidente. Apenas tenho minhas opiniões sobre o que não aconteceu. Acredito que não aconteceu derrapagem, nem deslizamento e que ranhuras estão faltando é em determinada parte do corpo de certos jornalistas. De todo modo, posso estar errado e a resposta não virá amanhã e nem depois de amanhã. Virá daqui a alguns meses, como é o padrão nesse casos.
Depois de um parágrafo com o coração e outro com o fígado, preciso desembarcar desse trem sem freio chamado mídia. Preciso me aquietar. Silêncio, por favor.

domingo, 15 de julho de 2007

Trololó

Serra radicalizou essa semana. Disse que "temos sido trouxas em matéria de política econômica voltada para o exterior" e que as explicações dadas para a valorização do real frente ao dólar como resultado das forças de mercado não passam de "trololó de economistas para enganar quem não é economista". Que somos trouxas nem precisava ter lembrado, mas não sabia que éramos tão especificamente trouxas. Que 'resultado das forças de mercado' não passam de trololó de economista, a gente também sabe. Mas a social-democracia brasileira não sai disso.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Dúvida da sexta-feira 13


Nem sei se vou conseguir dormir com essa dúvida. Qual notícia terá destaque na primeira página dos jornais de amanhã: o crescimento recorde de empregos ou as vaias ao Lula na abertura do Pan ?

Live Earth


Muito legal a experiência com o Live Earth na internet. Você pode escolher o país, o artista e a música que foi tocada, tudo isso com qualidade de vídeo e aúdio excelentes. O quanto isso contribui para diminuir o aquecimento global, eu não sei.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

As exportações que preocupam


O Estadão desta terça estampou na primeira página: "UE denuncia fraudes nas exportações brasileiras". Lendo a matéria, vi que:
1) As irregularidades envolvem não apenas empresas nacionais, mas importadores na Europa e atravessadores. Claro, se alguém daqui vende, alguém de lá compra. Não existe comércio de mão única.
2) Os maiores fraudadores são China, Japão e Estados Unidos. O Brasil é o quarto.
3) As fraudes com produtos brasileiros foram de € 20,6 milhões. O total foi de € 353 milhões. Isso na minha calculadora, dá menos de 6%.
Precisa desse barulho todo ? No IVDL, esta notícia deve dar traço.

domingo, 8 de julho de 2007

Cristo maravilha

Não pude esconder o sorriso ao ler a notícia que a estátua do Cristo Redentor foi escolhida com uma das novas sete maravilhas do mundo. Sorriso porque, ao contrário de muitos conterrâneos, eu fui lá no site e votei. Votei no Cristo e em mais seis, pois assim era a eleição. Não bastava só escolher uma preferida. Era necessário votar em sete.
Alguns podem dizer que votei com o coração. E daí ? Homens é que sois, diria o Charles. Não cabe a mim definir se a eleição foi justa ou não. O fato é que um painel de especialistas escolheu 21 finalistas dentre 77 candidatos. A estátua do Cristo estava entre os finalistas. Portanto, se ela foi pré-selecionada é porque tinha méritos.
Também não sei dizer se isso vai gerar os 250 mil empregos indiretos, mas eu me contento se apenas 1% deles forem gerados. Não é sempre que se pode gerar empregos com apenas alguns cliques.
Enquanto comemoro, canto para espantar os males: ♪ Cristo maravilha, nós de gostamos de Você ♪.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

As crises de confiança

Nessa semana, foi bastante comentada a pesquisa que concluiu que 76% dos brasileiros não confiam no Congresso. Pesquisas sobre o tema são feitas há muito tempo e em toda a América Latina, mas para a Folha, a pesquisa é "inédita". Acontece. Em pesquisa recente da CNT/Sensus, o Congresso foi o que teve a pior votação (1,1%). Embora valha o "ruim com eles, pior sem eles", não tenho visto exemplos que possam mudar esse quadro. Quem sabe, se um dia acabarem com a verba indenizatória, a situação melhore um pouco.
Já a nossa gloriosa mídia, segundo a pesquisa BBC/Reuters/Media Center de 2006, não anda lá muito bem. Pela cobertura das últimas eleições, se a pesquisa for repetida, não creio que terá melhor resultado. Importante ressaltar que, na mesma pesquisa, os blogs foram a fonte considerada confiável pelo menor número de pessoas. A fonte considerada não confiável pelo maior número de pesquisados foi "amigos, família e colegas".
O terreno é bastante fértil e poderíamos ter também pesquisas sobre a confiança das pessoas nos bancos, financeiras, seguradoras, empresas de telefonia, planos de saúde, empresas aéreas e clubes de futebol. Paradoxalmente, poderíamos ter pesquisa até sobre a confiança das pessoas nas pesquisas.
Com as crises constantes, chego até a pensar que um dia alguém vai querer mudar a frase da nota de um dólar.