terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ressaca no Leblon

A derrota de Gabeira ainda não foi bem digerida. Além da ressaca na internet, vi também o deputado José Carlos Aleluia (DEM) (aquele das cotas para nepotismo) lamentando a derrota do seu preferido.
Ontem mesmo, até o Juca Kfouri, no Linha de Passe, estava lamentando que uma eleição decidida por pouco mais de 55.000 votos tenha tido mais de 900.000 abstenções.
Eu esperava até uma gritaria, talvez até uma recontagem de votos. Afinal de contas, não foi qualquer um que perdeu, mas o candidato da Globo, do Globo, da Veja, dos atores e atrizes da Globo, de músicos, do Pedro Dória, do César Maia, enfim uma festa (♪ Tem gente de toda cor Tem raça de toda fé Guitarras de rock'n'roll Batuque de candomblé Vai lá ♪).
Não vi ninguém reclamando dos 92.000 votos brancos, nem dos 222.000 votos nulos. Deveriam ser suficientes para todo mundo entender a mensagem: quem tinha que escolher entre Gabeira e Eduardo Paes, na verdade, não tinha opção nenhuma.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Coringão voltou

Uma simples busca por "coringão voltou" (que aliás o próprio youtube completa a digitação), retornou 275 vídeos. São tantas emoções. Escolhi esse aí.

Ensaio sobre o óbvio



Esse post poderia se chamar Ensaio sobre a cegueira, mas esse título já tem dono.
A cobertura do 2º turno nos canais de TV aberta ontem foi recheada de mesas redondas com políticos, jornalistas e os famosos especialistas. As perguntas e respostas eram dignas de um vestiário após o término de uma partida de futebol. As conclusões então eram uma aula sobre a arte de sofismar.
Roberto Macedo (economista) ganhou uma indicação ao prêmio “conclusão da noite”, com essa:
“Lula aprendeu uma grande lição sobre transferência de votos”.
A idéia está sepultada há décadas, mas o professor acha que um cara que perdeu três eleições e viveu mais quatro delas é que aprendeu uma grande lição. De qualquer forma, transferência de votos tinha que estar no rol de assuntos.

A pergunta da noite vai para o Bóris Casoy: Por que Marta perdeu em São Paulo (como se fosse uma tremenda surpresa)? A meu ver, os especialistas tinham algumas opções:
a) Porque o Kassab teve mais votos.
b) Porque, conforme indicaram as pesquisas, dificilmente os eleitores do Geraldo e do Maluf votariam nela.
c) Porque São Paulo é uma cidade conservadora. Vide, por exemplo, as eleições presidenciais de 2006 onde o Lula perdeu para o Geraldo por larga margem nos dois turnos.
d) Porque novamente fez uma campanha medíocre.
e) Porque o acordo com o PMDB deu ao Kassab o tempo de rádio e televisão que ele necessitava para vender a sua imagem no 1º turno.
Demetrio Magnoli (eu também mereço por ficar vendo essas figuras) responde:
“Porque ela é uma candidata arrogante”.
A próxima pergunta do script: Quem foi o grande vencedor: o governo ou a oposição ? Típica do campeonato brasileiro, do tipo “quem foi o mais beneficiado da rodada”.
Fiz o quadro abaixo com o total de prefeituras por ano, somando os partidos mais alinhados. Separei o PMDB, porque considero ingênua qualquer tentativa de alinhá-lo com um lado ou outro. Caso alguém queira brigar com os números:

2008

2004

2000

DEM+PSDB+PPS

1413

1980

2187

PT+PSB+PCdoB

907

610

337

PMDB

1204

1065

1260


Pelo que já expliquei acima, não vou nem comentar a outra pergunta do script (O que podemos projetar para 2010?), pois aí as respostas são para lá de risíveis.

domingo, 26 de outubro de 2008

Eu gosto de eleição


Todo dia de votação, quando saio de casa para ir votar, sinto uma sensação boa. É uma sensação que algo importante está para acontecer e que vou fazer parte dele. Gosto também de ver pessoas que não escondem seus candidatos de preferência, mostrando bandeiras, camisetas ou adesivos nos carros. Lembro que no 1º turno vi um casal vestindo camisetas do Maluf. Pensei: não é o fim da picada, alguém fazer campanha para o Maluf em pleno 2008 ? Claro que é, mas é bom que eles possam fazer isso sem ser hostilizados por ninguém. É uma coisa tipo aquela frase do Voltaire, que parece que ele nunca disse, mas pelo jeito pensou.
Penso que comecei a gostar mais de eleições após trabalhar como mesário em algumas delas. Não é só o fato de a urna ser eletrônica que torna tudo fascinante, mas todos os processos que existem de controle e de apuração. Ainda é viva a memória de 2002, depois de ter assistido àquela novela da eleição americana dois anos antes, onde pude saber o resultado da eleição no dia seguinte. Isso num país continental como o nosso, onde há locais que as urnas são levadas de barco.
Como nem tudo é perfeito, o voto obrigatório produz fenômenos tragicômicos como uma mulher querendo saber o número do Lula na eleição para prefeito de 2004 e outro dizendo que queria votar no candidato X, mas como não lembrou o número do distinto, votou no Y mesmo e está tudo certo.