segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Para você que faz parte dos 4% (ou 3%)

Eu sei. Você tentou. Fez de tudo. O pior é que o seu desgosto não é de agora. Vem desde 2002. Em 2002, você investiu bastante tempo em diversos sites e blogs, sempre publicando comentários desancando Lula e o PT. Repassou e-mails para todos os seus contatos tentando mostrar como o Brasil iria afundar, mas nada. O país estava no buraco, mas Sapo Barbudo não ia dar para aguentar. Os empresários sairiam do Brasil e você teria gente do MST morando na sua casa. Não, isso não. Além disso, o seu candidato era economista, preparado, como iria perder para um torneiro mecânico ? Abertas as urnas, Lula foi eleito. Esse aí não termina o mandato – você pensou.

Passam 2003, 2004 e nada. Em 2005, estoura o escândalo do mensalão. Para você pouco importava se fazia sentido que deputados da base aliada e do próprio PT estavam sendo acusados de receber dinheiro para votar a favor de projetos do governo. Você até perdeu a conta de quantas vezes escreveu Impeachment, algumas até em maiúsculas. Cansou de enviar e-mails para as seções de leitores da Folha, do Estadão e da Veja grafando Lula com três eles.

Entra em 2006 e o homem está cotado para ganhar no primeiro turno. Que absurdo. Tudo bem que já tinham sido criados 4 milhões de empregos com carteira assinada, que a pobreza tinha diminuído, que as dívidas com o FMI e o Clube de Paris estavam pagas e que a inflação estava sob controle. Tudo isso era graças ao FHC. Veio o escândalo dos aloprados e com a colaboração do Jornal Nacional, iria ter segundo turno. Logo na primeira semana ia ter debate e o desafiante e preferido dos empresários iria massacrar o presidente. Dito e feito. Terminou o debate e você pensou na hora: Nocaute. Começaram a sair as pesquisas e novamente você viu a vaca ir para o brejo. Lula eleito para mais quatro anos.

No período 2007-2009, você nem sofreu tanto. Afinal de contas, você sabia que em 2010 não teria para ninguém. O seu candidato já estava eleito. Lula não poderia concorrer de novo e o PT não tinha quadros. Tudo bem que o seu candidato estava em todas. Para Presidente era ele. Para Prefeito de São Paulo, ele. Para Governador de SP, ele. Quem não tinha quadros era o PT.

As notícias foram chegando, mas você não se impressionava. Se o crescimento do PIB era recorde, a criação de empregos era recorde e milhões de pessoas entraram na classe média, tudo isso era graças ao FHC e à China. A Copa do Mundo, as Olimpíadas, o Obama chamá-lo de “o cara”, as citações em revistas e sites internacionais levam você a concluir: sujeito de sorte. É claro que você se irritava com toda essa popularidade, mas exibia tranquilidade, afinal de contas, você tinha lido na Veja que o homem não faria o seu sucessor.

Começa 2010 e conforme suas previsões, o seu candidato lidera as pesquisas. O país já está no rumo, mas você pensa: “Agora, o país vai entrar nos eixos”. A Veja lhe informa que inclusive os astros estão a favor.

Já durante a Copa do Mundo, sinal amarelo. A ex-guerrilheira e tecnocrata sem experiência eleitoral estava subindo nas pesquisas. Será possível? Quando veio o empate técnico, você decidiu voltar à ativa. Usou a velha tática de repassar e-mails para os seus contatos, só que desta vez com apresentações mostrando o passado terrorista da candidata do PT, inclusive com apelos da família de uma suposta vítima, ficha falsa, enfim, destilando ódio como só você sabe fazer. Até voltou a marcar presença nas seções de leitores dos jornais. Caralho, em oito anos, você não aprendeu porra nenhuma. É sempre aquele mesmo papo de Cuba, Venezuela, Farc, MST e a liberdade de imprensa. Dois institutos de pesquisa começaram a apontar a mulher na frente. Será que até os institutos de pesquisa foram aparelhados pelo governo ? – você se pergunta. Ainda bem que no DataFolha, estava tudo no seu devido lugar.

Começou a campanha e a mulher começa a disparar em todos os institutos. Você espera o DataFolha e – maldição – a mulher está na frente mesmo. Pior, a cada nova pesquisa a distância aumentava. Foi aumentando, aumentando e começaram os rumores de fechar a conta no primeiro turno. De novo, o “mais preparado” iria perder. Precisamos de uma bala de prata – você pensa. Vale ex-marido, amante, dinheiro na calcinha, sequestrador com camiseta do PT, enfim, qualquer coisa. Prestes a jogar a toalha, requentam uma história de quebra de sigilo de 2009. Ainda bem que existe imprensa atuante, investigativa, responsável e imparcial nesse país. Não tinha nada a ver com a campanha, mas dane-se, a mulher é culpada. Quase duas semanas em cima do assunto e o efeito nas pesquisas é nulo. Ainda precisamos de uma bala de prata – você pensa. A Veja tenta uma. Propina para o filho da ministra da Casa Civil. A corrupção é tão enraizada no governo que eles estão registrando a propina até em contrato. Provas do envolvimento da mãe não existem muito menos da candidata, mas quem se preocupa com provas ? A Folha tenta outra bala. Arranjou uma testemunha qualificada. E daí que o sujeito é ex-presidiário com condenação por receptação e porte de moeda falsa tentando obter um empréstimo de bilhões do BNDES? Se estava falando contra o governo e o PT deveria ser verdade. Ao menos essa serviu para derrubar a ministra.

Enfim, essas balas não surtiram tanto efeito quanto a campanha na internet e nas igrejas sobre o aborto e a eleição foi para o segundo turno. Você ficou animado, mas nem tanto, afinal como a mulher teve 46,91%, ainda assim parecia difícil. No entanto, você voltou à carga mesmo após aquela pesquisa CNT/Sensus dando empate técnico. Aí a campanha virou só isso: igreja, fé e aborto. Economia, Educação, Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Programas Sociais ficaram fora. Só que o assunto cansou, a campanha foi voltando ao normal. O tempo de televisão foi dividido entre propostas e ataques, Erenice de um lado, Paulo Preto de outro, e o pré-sal entrou na pauta graças ao Zylbersztajn. Até que foi finalmente disparada a verdadeira bala de prata: a bolinha de papel. Foi um episódio tão triste e deprimente, comentado aqui e alhures, que depois disso o seu candidato não se recuperou mais. Com o perdão do trocadilho, foi serra abaixo. Aí foi só acompanhar as pesquisas, e verificar na apuração que não houve surpresa.

Hoje você acordou de mau humor e eu compreendo. Aliás, ontem mesmo, assim que soube do resultado, saiu disparando e-mails para manifestar sua indignação. Que democracia é essa? Na sua família, nas suas rodas de amigos, no seu trabalho, no jornal e na revista que você assina, todos concordam com você. O que será que está errado?

Agora que já a contei a sua história, deixe-me dizer uma coisa para você que faz parte dos 4% (ou 3%). Como assim, 4% (ou 3%) ? O Serra teve 44%. Eu sei que teve. O homem está na vida pública há anos. Foi ministro, prefeito, governador, preparou-se a vida toda para ser presidente, enfim aquela coisa toda e é natural que tenha votos. Só que esse post não é para os outros 40% (ou 41%) , é para você mesmo. Você, sua família, suas rodas de amigos, seus colegas de trabalho, os leitores do jornal e da revista que você assina, enfim esse pessoal raivoso só são 4% (ou 3%) e com isso, não dá para ganhar eleição nem de síndico.

Você que tem cara de pau de achar esse governo ruim ou péssimo e que passou esses anos todos esbravejando em sites, jornais e revistas conforme contei acima. Que perdeu seu tempo e me fez perder o meu ao repassar e-mails imbecis. Eu quero que você vá tomar no cu. Você e quem for da sua família, suas rodas de amigos, seus colegas de trabalho, os leitores do jornal e da revista que você assina. Filho da puta! Vai chorar na cama que é lugar quente. É DILMA PRESIDENTE.

Quase terminando

O blog ficou parado todo esse tempo por falta de pauta mesmo.
Como sabíamos desde que criamos o blog, a ideia do terceiro mandato era bizarra.
No entanto, o dia de hoje merece um post que eu queria escrever há bastante tempo. Depois disso, é provável que encerremos oficialmente o blog.

domingo, 18 de outubro de 2009

Esse vai bater recorde

domingo, 31 de maio de 2009

Dividir e conquistar

Agora não é medo não, é esperteza mesmo. O factóide de 2007, já se sabe, não teve vida longa. Tem alguns suspiros de vez em quando, é verdade, mas nada de significativo. Jackson Barreto (PMDB-SE), o novo pai da proposta, jogou para a torcida só para ganhar um pouquinho de mídia, já que o Gilmar Mendes está em todas. Nessa também. O campeão dos pré-julgamentos já adiantou que a proposta dificilmente passaria no STF. Ufa! Aliás, isso não é nem pré-julgamento é ameaça mesmo, dado que não existe um processo.
O fato é que caiu a ficha que a provável candidatura de Dilma Rousseff está parecendo mais forte que os especialistas previam. A certeza de que Serra será o próximo presidente é tão grande que eles podiam tirar uma foto dele na cadeira, só para dar sorte.
O ideal para a oposição seria manter o assunto em pauta o máximo possível. Dividiria o eleitorado sobre uma proposta que dificilmente passaria e tiraria Dilma do foco. No entanto, convenhamos, nem o Datena e o João Kléber juntos poderiam sustentar o assunto por tanto tempo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Bem feito

Interrompo a longa pausa do blog para escrever sobre um tema local. Na verdade, nem tenho tanto a dizer. Vou apenas apontar alguns documentos que podem ser úteis. O público alvo são todos os indignados e assustados com o IPTU que receberam ou ainda vão receber.
Na ordem:
Lei 13.698/2003
Lei 14.089/2005
Decreto 50.342/2008
Agora, se além de fazer parte desse público, você votou no Serra e no Kassab, sorria, meu bem.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E o vulcão ?

Enquanto espero pelo discurso da vitória, que deve começar daqui a pouco, lembrei-me dessa capa. Não podia deixar passar. O tal vulcão transformou-se na piada do ano. Se você fizer uma busca na internet por "I can see Russia from my house" vai se divertir à beça. Tem até camisetas.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ressaca no Leblon

A derrota de Gabeira ainda não foi bem digerida. Além da ressaca na internet, vi também o deputado José Carlos Aleluia (DEM) (aquele das cotas para nepotismo) lamentando a derrota do seu preferido.
Ontem mesmo, até o Juca Kfouri, no Linha de Passe, estava lamentando que uma eleição decidida por pouco mais de 55.000 votos tenha tido mais de 900.000 abstenções.
Eu esperava até uma gritaria, talvez até uma recontagem de votos. Afinal de contas, não foi qualquer um que perdeu, mas o candidato da Globo, do Globo, da Veja, dos atores e atrizes da Globo, de músicos, do Pedro Dória, do César Maia, enfim uma festa (♪ Tem gente de toda cor Tem raça de toda fé Guitarras de rock'n'roll Batuque de candomblé Vai lá ♪).
Não vi ninguém reclamando dos 92.000 votos brancos, nem dos 222.000 votos nulos. Deveriam ser suficientes para todo mundo entender a mensagem: quem tinha que escolher entre Gabeira e Eduardo Paes, na verdade, não tinha opção nenhuma.