Um boicote bizarro

Os blogs que leio andam meio ocupados com assuntos nacionais (BrOi, febre amarela, apagão) e internacionais (Kaká, eleições americanas). Eu também não costumo comentar assuntos de fora da província, mas nesse caso vou abrir uma exceção.
Trata-se da iniciativa dos belgas de boicotarem o IPTU no Rio de Janeiro.
O Jornal do Brasil está dando ampla cobertura para o movimento. Das tantas matérias, selecionei para comentar apenas as mais bizarras.
Dois mil nomes pelo IPTU em juízo

Com o mote "Eu não pago, e daí?", o presidente da Associação dos Imóveis
Atacados do Leblon, Augusto Boisson, defende a intenção de pagar o imposto
apenas no exercício do ano que vem.
- Defendo esta idéia, uma vez que o
dinheiro do IPTU não é aproveitado em hospitais e escolas como deveria.

Como assim "Eu não pago, e daí?" ? Os belgas, quando querem dar uma de rebeldes, promovem os mais ridículos espetáculos. Daí, pergunto eu, qual é benefício que a iniciativa trará para a cidade ? Certamente, não é com escolas e hospitais municipais que eles estão preocupados.

Prefeito omisso e virtual irrita classe artística

Marília Pêra:
- O movimento é em legítima defesa. Não temos nenhuma proteção.
Infelizmente não somos civilizados. Temos que lutar por aquilo que deveria ser o
nosso direito.

Reconhecer a sua condição é o primeiro passo.

Ary Fontoura:
- Estou com um monte de carnê de IPTU na mão, da minha casa e de alguns apartamentos que tenho, e vou depositar tudo em juízo.

Imagino como deve ser difícil ter vários carnês de IPTU para pagar.

A cidade está abandonada, mas não vai ficar pior por causa disso.

Sim, claro. Vai ficar bem melhor.

Aguinaldo Silva:
Fui de carro ao Centro e não sei como os moradores da Barra conseguem fazer este trajeto todos os dias. São muitos buracos. Não sei o que aconteceu com o prefeito, ele se desinteressou. Provavelmente porque não vai se candidatar a nada. A gente não pode continuar desta forma. As favelas crescem porque lá os moradores não pagam água, luz, IPTU, internet, TV a cabo. Nós, que pagamos tudo, somos punidos.

Que ingenuidade a minha. Eu achava que as favelas cresciam por causa do êxodo rural, da exclusão social e da falta de oportunidades. Agora sei que a classe média está indo para a favela para ter tudo de graça.

Tempos doidos esses. Eu nunca pensei que fosse escrever uma só linha favorável ao César Maia. Mas, não é esse o ponto. Nem em 2000, após a dupla Maluf e Pitta terem acabado com a cidade, essa iniciativa teria meu apoio. Também não terá agora, caso alguém apareça por aqui com essa idéia brilhante. Mesmo não votando no Kassab.

Para lembrar os rebeldes do “e daí?” que acham que não precisam do Estado para nada, eu começaria cortando a coleta de lixo.

Para terminar, o recado padrão para os eleitores do ex-blogueiro: Votem melhor na próxima eleição.