A pior frase do Millôr
Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.
De tanto ler e ouvir essa frase, acabei criando antipatia por ela. É de se imaginar que a idéia original devia ser de tratar com bom humor um dos princípios do jornalismo: fiscalização diuturna do poder onde quer que se manifeste. No entanto, como estamos vivendo uma crise de interpretação de texto (vide episódios Ferréz e Juca Kfouri), a frase vem sendo usada como salvaguarda para justificar atitudes injustificáveis.
A oposição pode fazer denúncia seletiva, pode ressaltar as suas qualidades e exacerbar os defeitos da situação, pode escolher as estatísticas que lhe são favoráveis e as que são desfavoráveis ao adversário. Tudo isso é parte do jogo democrático.
A imprensa pode tudo isso ? Até pode, pois tem liberdade para tal, mas não devia. Não devia, principalmente na televisão, pois o espectador fica com aquela impressão que está vendo o horário eleitoral gratuito. Convenhamos, horário eleitoral é muito chato.
A oposição pode cercear as idéias contrárias às suas, pode esquivar-se de debates. A imprensa devia abrir espaço para o contraditório e para o debate.
Sem contar que a prática poderia criar situações, no mínimo, curiosas. Suponhamos que tivéssemos um governo de esquerda. Suponhamos que tivéssemos uma oposição de direita. Por exemplo, na questão ambiental, a oposição diria que aquecimento global é uma falácia. A imprensa abraçaria a idéia. Quando o cenário inverter e a oposição subir ao poder, a imprensa faz o quê ? Parceria com o GreenPeace ?
A oposição pode fazer denúncia seletiva, pode ressaltar as suas qualidades e exacerbar os defeitos da situação, pode escolher as estatísticas que lhe são favoráveis e as que são desfavoráveis ao adversário. Tudo isso é parte do jogo democrático.
A imprensa pode tudo isso ? Até pode, pois tem liberdade para tal, mas não devia. Não devia, principalmente na televisão, pois o espectador fica com aquela impressão que está vendo o horário eleitoral gratuito. Convenhamos, horário eleitoral é muito chato.
A oposição pode cercear as idéias contrárias às suas, pode esquivar-se de debates. A imprensa devia abrir espaço para o contraditório e para o debate.
Sem contar que a prática poderia criar situações, no mínimo, curiosas. Suponhamos que tivéssemos um governo de esquerda. Suponhamos que tivéssemos uma oposição de direita. Por exemplo, na questão ambiental, a oposição diria que aquecimento global é uma falácia. A imprensa abraçaria a idéia. Quando o cenário inverter e a oposição subir ao poder, a imprensa faz o quê ? Parceria com o GreenPeace ?
3 comentários:
Esta frase do Millor é adequada para os incapazes e venais. O difícil é ser Jornalista Independente. Ao ser sempre "de oposição" o pseudo-jornalista caracteriza-se como esquizofrênico. Hoje é contra o PT-PMDB e a favor do PFL-PSDB. Amanhã e contra o PSDB-PFL e a favor do PT-PMDB. Na eleição seguinte...
Muito boa colocaçao!
Nao fiquem tanto tempo sem postar!
Abraços Socialistas
A questão é simples, o estado é muito poderoso pra ser tratado com delicadeza, precisa ser controlado pra que não abuse do poder constantemente, a oposição da imprensa é nada perto da capacidade que tem o estado de prender e matar as pessoas. No Brasil, o governante tem todo espaço do mundo na imprensa, pode ter quantos minutos desejar pra responder, tem canais, fora os próprios meios de exercer o poder político (polícia, receita, serviço secreto. A frase do Millor é muito pertinente, a imprensa deve fazer "oposição", ser mais rigorosa com quem tem o poder (capacidade de prender/matar) do que com os demais agentes políticos, o monstro estatal deve ser contido.
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