Cobertura anunciada
O proselitismo político é a marca da cobertura da tragédia porque como se sabe o uso do cachimbo faz a boca torta. Por exemplo, Dora Kramer escreveu no Estado hoje (grifo meu):
Culpar pura e simplesmente o governo federal pelo acidente com o Airbus da TAM e atribuir responsabilidade pelas duas centenas de mortes à vexaminosa atuação do poder público nestes dez meses de crise aérea não deixa de traduzir as evidências de uma história anunciada.
Até alivia a raiva de quem assistiu à serie de infindáveis manifestações de menosprezo e produção de bravatas vãs, mas não devolve vidas nem esclarece se o sinistro foi coincidência ou conseqüência do descontrole dos sistemas aeroportuário e aeroviário do Brasil.
Culpar o governo para aliviar a raiva é o que Dora Kramer vem fazendo nos últimos anos. Mas que isso não devolve vidas ou ajuda a esclarecer o acidente deve consistir uma novidade tão grande para ela que precisou concretizar essa estupidez.
Outra contribuição inestimável partiu de Cesar Giobbi, colunista social do Estado (grifos meus):
Socorro, Serra
Se alguém ainda tinha dúvidas se a vaia ao presidente Lula, no Maracanã, foi justa, agora não tem mais. Porque o governo federal tem sim sua grande parcela de culpa na tragédia de terça-feira em Congonhas. Os aeroportos são de competência federal. A Infraero é uma empresa federal. A crise aérea é um problema federal. Os paulistas e paulistanos entregam agora sua desesperança nas mãos do governador José Serra para que, com a força de todos os seus votos, e credenciado pela sua comprovada competência política, arranque de Brasília uma solução para os aeroportos de São Paulo. Uma solução que não pode mais esperar. Infelizmente, de Brasília, ultimamente, a única solução sugerida foi o conselho da ministra Marta Suplicy à população. É acintoso. O dinheiro de impostos federais pagos pelos paulistas sustentam o desperdício nacional, são mau usados em todo o País, escoam por ralos, vão parar em mãos erradas. Se ficassem por aqui, não teríamos de contar esses mortos nem conviver com estas tragédias.
Juro que quando li o título imaginei que se tratasse da temporada de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira. A relação entre as vaias ao Lula e o acidente com o AirBus pecam pelo anacronismo, mas a última coisa que colunista social faz no Brasil é sentido.
E por falar nas vaias ao Lula, eis o Verissimo brilhante como sempre:
No Brasil do Lula é grande a tentação de entrar no coro que vaia o presidente. Ao seu lado no coro poderá estar alguém que pensa como você, que também acha que Lula ainda não fez o que precisa fazer e que há muita mutreta a ser explicada e muita coisa a ser vaiada. Mas olhe os outros. Veja onde você está metido, com quem está fazendo coro, de quem está sendo cúmplice. A companhia do que há de mais preconceituoso e reacionário no País inibe qualquer crítica ao Lula, mesmo as que ele merece.
Enfim: antes de entrar num coro, olhe em volta.
2 comentários:
pois é. enqto nossos brilhantes colunistas culpam o governo, o aeroporto de congonhas é reaberto 12 horas após o acidente e as santíssimas empresas aéreas operam e ganham seu rico dinheiro. e assim caminhamos.
Devemos invadir os blogs dos "jornalistas" ( na verdade cabos eleitorais tucanos-DEMagogos ) com nossos comentários através do CTRL+C e em seguida CTRL+V.
Temos sim, que fazer com que os blogs corporativos da Veja, Estadão, Folha, Globo ( TV e Jornal ) saibam que o Brasil está de olho e que nem todos são maria-vai-com as outras.
Mesmo que não nos publiquem pelo menos ficarão sabendo que nem todos são atroiados.
Façamos isso sem que nem mesmo confiramos se fomos publicados pelos tucanos-DEMagogos ou não.
E como Deus escreve por linhas tortas achei ótimo o povão ficar sabendo desta contenda mídia x Lula, pois Garcia terminou explicando em palavras seus gesto de desabafo contra esta mídia tucano-DEMagoga.
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